Coreia do Sul e EUA retomam negociações com foco em tarifas e navios

Seul retomou nesta sexta-feira (16) as negociações comerciais com os Estados Unidos, com destaque para a redução de tarifas e parcerias no setor de construção naval, à margem da reunião ministerial da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), realizada na ilha de Jeju, ao sul da Coreia do Sul.
Além da agenda oficial da APEC, Greer já se encontrou com executivos de peso do setor naval sul-coreano, incluindo Chung Ki-sun, vice-presidente do grupo HD Hyundai, e deverá conversar ainda com representantes da Hanwha Ocean. A Coreia do Sul é o segundo maior polo global da construção naval, atrás apenas da China — e Washington busca apoio para fortalecer sua presença no setor e reduzir a dependência externa.
Em comunicado, a HD Hyundai afirmou ter proposto a Greer colaborações na fabricação de guindastes portuários, desenvolvimento conjunto de tecnologia e capacitação de trabalhadores qualificados.
Pressão tarifária e comércio bilateral
A reunião ocorre em meio à crescente pressão comercial dos Estados Unidos sobre a Coreia do Sul. Com um superávit de US$ 66 bilhões no comércio bilateral em 2024 — atrás apenas de Vietnã, Taiwan e Japão — o país asiático virou alvo do presidente Donald Trump, que já anunciou tarifas de até 25% sobre automóveis sul-coreanos. O setor automotivo representa cerca de 27% das exportações sul-coreanas para os EUA, sendo o principal destino desses veículos.
Trump também ameaçou aplicar novas tarifas às exportações sul-coreanas em geral, mas suspendeu temporariamente a medida até julho. Seul aposta agora em um “acordo abrangente” para evitar novas sanções e preservar o equilíbrio nas trocas bilaterais.
Além disso, outro ponto sensível nas conversas é a taxa de câmbio do won, considerada subvalorizada por Washington, e a possibilidade de Seul ampliar as importações de gás natural liquefeito dos EUA.
Semicondutores na mira
O setor de semicondutores também está no centro da disputa. Os EUA iniciaram uma investigação sobre chips que pode levar à imposição de tarifas. Em 2024, a Coreia do Sul exportou US$ 10,7 bilhões em semicondutores para os EUA, com destaque para as gigantes Samsung Electronics e SK Hynix.
A intensificação da tensão comercial ocorre em um momento delicado para a Coreia do Sul, que enfrenta instabilidade política após o impeachment do presidente Yoon Suk-yeol. A economia sul-coreana, fortemente dependente das exportações, encolheu 0,1% no primeiro trimestre deste ano — um sinal de alerta diante do cenário global.
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